Como fotógrafa e mulher em constante transformação, entendo bem o árduo caminho de recriar a autoestima feminina em uma sociedade que nos padroniza de forma doentia e inalcançável. Eu enxergo na fotografia um grande poder de transformação e uma forma gentil de emprestar meu olhar para tornar nítida a mesma beleza que eu espero que vejam em mim.

Fotografar o íntimo de uma mulher vai muito além de fotos sensuais com poses que buscam criar uma falsa ideia sobre si mesma. Não há imperfeições a serem escondidas quando a perfeição de cada mulher é um novo universo a ser descoberto. Se colocar em um lugar de tanta vulnerabilidade é sempre desafiador, mas juntas criamos um novo espaço de confiança e de troca sempre respeitando seu tempo e seus limites.

Costumo falar sobre viagens, mas é tão bom se visitar de vez em quando que acho que deveríamos falar sobre isso mais vezes. Talvez tenha sido o lugar mais inusitado que já conheci e viajei o mundo todo para chegar nesse lugar que sempre me pertenceu. Eu, como toda mulher, também tive inúmeras questões com a minha autoestima por boa parte da minha vida. Com o tempo percebi que a única maneira de lutar contra isso era ressignificando a imagem que eu projetava sobre mim mesma no espelho.

A fotografia é um reflexo onde encontrei um caminho para me enxergar com olhos mais gentis e amar meu corpo como ele é. Os ensaios íntimos entraram na minha vida nessa busca do que eu não via em mim. Aos poucos eles foram ganhando força, impactando e transformando a autoestima de muitas mulheres que se permitiram viver isso comigo. A foto.terapia é um encontro íntimo onde eu misturo duas formas muito potentes de se (re)conhecer: a conversa e a arte.

Despir-se em frente a uma câmera é uma entrega. É sentir o lado mais intrigante da liberdade. Aquela liberdade que liberta, não aquela que te aprisiona numa ilusão do que se deveria sentir. Se amar é um ato revolucionário.