MAIS QUE UMA ARTE, A FOTOGRAFIA É UMA ESCOLA.
Aprender a fotografar é um processo longo. Se você não é essa pessoa, tenho certeza que deve conhecer alguém que já cometeu o erro de comprar uma “câmera grande” achando que ela faria milagres e depois largar a câmera mofando no armário. Eu mesma, quando comprei minha primeira câmera semi-profissional em 2011, saí desfilando da loja como se a Nat Geo tivesse acabado de me contratar. Rs! Quando fui usar a câmera, só conseguia pensar que queria meu dinheiro e minha camerazinha compacta de volta (não existia celular nessa época, xófens).
Só depois de alguns anos me batendo com a câmera e ainda sonhando em ser fotógrafa, eu fui me matricular em um curso técnico de fotografia. Diferente de mim, quase todo mundo da minha turma tinha acabado de comprar uma câmera profissional e se matriculado no curso pra aprender a usar. Ali eu vi que a fotografia era muito mais difícil do que antes parecia pra mim. Cheia de números, somas, regras e termos complexos que fazem qualquer pessoa de humanas (eu) querer sair correndo da sala e pensar que aquilo definitivamente não é pra ela. Por sorte, meu sonho era maior que as minhas dificuldades, então eu fui persistente. Persisti tempo suficiente pra perceber que, mesmo com dificuldade e com uma câmera que não chegava aos pés das câmeras dos meus colegas, eu conseguia fazer fotos diferentes que se destacavam aos olhos deles.
Percebi que tentar dominar a técnica e investir em equipamentos caríssimos antes de explorar seu olhar fotográfico acaba bloqueando o seu processo criativo, por um motivo óbvio: a técnica é uma matemática enquanto nossa percepção fotográfica vem de estímulos criativos. A gente sabe que o mundo de humanas e de exatas são bem diferentes, né?! Então imagina o que acontece no nosso cérebro quando tentamos misturar as duas coisas!
Tem gente que lida melhor explorando esses dois lados, mas pra mim sempre foi super desafiador. Criativa que sou, eu custei muito a entender aquela matemática e custei mais ainda a perceber que meu estilo fotográfico tem muito mais a ver com sensibilidade do que com domínio técnico. Na verdade acho que isso só veio com muita maturidade e autoconfiança profissional. O próprio Sebastião Salgado diz que uma pessoa não fotografa apenas com a câmera, mas com a sua história. Foi libertador assumir isso no meu trabalho. E como liberdade e criatividade andam de mãos dadas, aqui estou eu há mais de 10 anos levando elas pra passear no meu olhar pelo mundo. Fotografando, aprendendo e ensinando com liberdade no olhar. Desmistificando a fotografia com todas aquelas coisas que eu gostaria de ter escutado e que a vida me ensinou.