A CRIATIVIDADE TE DESAFIA?

O assunto é Atacama, vocês sabem. Estou finalizando a segunda expedição para esse local e queria levantar um pensamento sobre esse famigerado tema, a criatividade, ou, o famoso e desafiador PROCESSO CRIATIVO. Esse grande mistério que se manifesta das mais diversas formas e que não temos qualquer controle.

A internet se inunda de cursos de marketing digital dos mais diversos tipos com estratégias, métricas e fórmulas infalíveis pra se ter um bom negócio online. Parece que de uns tempos pra cá esse é o único caminho possível e é difícil achar algum empreendedor independente que não dependa das redes sociais pra vender. No entanto, tem uma coisa que ninguém fala e que, pra mim, é o mais importante de tudo: a conexão que vai muito além dos algoritmos.

Pode parecer um papo místico que talvez não combine muito com o que vocês costumam ler por aqui, mas eu falo de uma conexão cuja única métrica é aquela que a gente sente. Independente do que você acredita, fazer um trabalho por fazer é completamente diferente de quando você sente cada palavra que coloca em um texto. Há muitos anos eu observo como é doida a relação da minha conexão com aquilo que eu produzo e eu posso garantir: tem vezes que um mesmo texto toca de um jeito totalmente diferente dependendo da intenção que eu coloco por trás. É como se minha mente fosse capaz de alcançar meu objetivo na medida que me conecto.

É cocriação que fala, né?! Sei que deve ter muitas explicações pra isso, mas a gente sabe que na prática isso é bem mais desafiador do que na teoria.

Eu dei uma sumida das redes no mês de fevereiro.Tive um esgotamento e um bloqueio criativo que me pegou de jeito dessa vez. Precisava me conectar mais com o Atacama. O dia a dia estava exigindo muito da minha energia. Minha cabeça simplesmente não estava lá e eu estava esquecendo do principal ingrediente pra minha criatividade fluir: a minha conexão.

Quando me dei conta da minha lista de coisas que eu precisava fazer, vi que ainda não tinha sequer comprado minhas passagens, e aquilo explicava muita coisa. Na minha cabeça, era como se eu não estivesse indo.

Comecei pelo básico: a música.
Passei dias ouvindo minha playlist latina que construí ao longo de muitos anos passando temporadas de expedições no Chile. Ela é contagiante pra mim. Sei cada uma das letras e canto todas elas como quem canta músicas da infância. Me lembram momentos, pessoas, olhares, saudades, paisagens, lugares. É incrível como a música é capaz de transportar. A arte tem dessas, né?!

Logo comecei a sentir vontade de rever registros antigos. Olhar pra alguns rostinhos que protagonizaram momentos tão marcantes me fez lembrar como a viagem é capaz de transformar as pessoas. Me fez lembrar das piadas, das risadas, das noites regadas a pisco sour com karaokê atacameño, dos abraços prolongados, das conversas profundas que se revelavam em volta da fogueira. 
A trilha sonora me levou tão longe que, quando dei por mim, já estava com a mala feita, passagens compradas e sonhando que estava no Atacama.

Fiquei pensando como nossa ansiedade quer que tudo se resolva no momento que a gente quer. A criatividade não caminha rígida junto com o calendário, ela precisa dançar livre com estímulos que só a gente sabe. E aí sim chega aquele instante que tanto se espera, quando a inspiração atravessa no meio do banho e o texto vem pronto nos dedos. 

O momento que a criação flui com leveza, natural e sem qualquer esforço. A tal conexão. Quando eu sei que, o que eu fizer, vai chegar onde tem que chegar.

Precisamos dessa liberdade criativa para ver o mundo de uma forma diferente, mesmo nas tarefas mais corriqueiras da vida.

Então me conta aqui, como funciona pra você o processo criativo?